sábado, 2 de fevereiro de 2013

Admirável Mundo Novo - parte 2



Joseph Gordon-Levitt em Looper - 2012


 - Qual é o seu trabalho Petrick?
 - O meu trabalho? Hum, deixe-me ver....
 - É difícil defini-lo. - O meu trabalho é...o  meu trabalho é criar seres humanos. Sob medida!
 - Não não, desculpe-me. Na verdade o meu trabalho é fornecer matéria prima para a... digamos "fabricação",  de seres humanos sob medida. É isso, agora esta correto. rs

Tudo começou com um anúncio visto em um outdoor qualquer a caminho do colégio.
No vídeo, havia uma longa avenida  suspensa no ar, sobre ela pairava uma nuvem de pequenos pedaços de alguma matéria orgânica, aos poucos a nuvem tomava forma, até que um homem surgiu da nuvem. Alto, bem trajado, sério e elegante. Ele caminhava como se tivesse coisas importantes a fazer, nesse instante o vídeo mostrava uma centena de crianças caminhando atrás do homem, elas também estavam bem vestidas, e seus olhos pareciam focados no horizonte e caminhavam guiadas por seu mestre. Ao fim do vídeo, uma mensagem:

"Venha fazer o futuro"
"Adão Corp. Mais que pessoas, perfeições."

O garoto então com dezessete anos ficara encantado, aquilo era para ele como querer fazer parte de um time de futebol, ou ser do corpo de bombeiros, ou talvez um médico. Era incrível! Ele se empenhou dia após dia afim de fazer os testes admissionais assim que tivesse  maioridade biológica. 

Ao longo dos meses ele estudou o quanto pode. Química, física, álgebra, idiomas, história natural, tudo.  A empresa era muito exigente. Era necessário altos índices de QI, boa forma física, nenhuma ocorrência genealógica  de doenças crônicas e se encaixar nos padrões de beleza  e uma análise severa do DNA. O rapaz foi admitido aos vinte e um anos em seu primeiro teste. Começaria em um mês.

PRIMEIRO DIA!

A cabeceira da cama o relógio despertou pontualmente as sete horas. O homem levantou tomou banho e vestiu seu  melhor terno.
 Gravata ajustada, cinto apertado. Cabelo penteado. Um toque e o táxi chegaria em dez minutos. Café da manhã; suco de laranja, ovos e aveia. Trimmmm! O táxi chegou! Sete e quarenta e cinco.
- Bom dia Sr. Petrick. - Disse o computador de bordo. - O carro deslizou para o alto, não tinha rodas e parecia-se com uma capsula. Logo se juntara a linha reta de outras centenas de carros flutuantes que cortavam os edifícios de vidro e concreto da metrópole. Lá de dentro o homem observava aquele mundo louco, aquela artéria pulsante e robótica. - Estamos a há um minuto da Adão corp. Sr, Petrick - disse outra vez o computador. - por favor coloque sua mascara, vamos entrar na linha expressa. -Em menos de dez segundos o veiculo entrou em um túnel de luz azulada e uma vez lá dentro atingiu em menos de trés segundos uma velocidade absurda e desapareceu no vácuo.
- Chegamos Sr. Petrick! - A porta foi aberta e o homem desceu. A sua frente uma longa escadaria levava até o saguão principal da empresa. Patrick  subiu e foi até o guichê de informações  onde lhe encaminharam para o  77° andar. Ele obedeceu, tomou o elevador e foi ao local indicado. Um homem ligeiramente mais velho o recebeu e deu  a ele as boas vindas.
- Petrick, por favor me acompanhe. Vou lhe mostrar o nosso andar e a sua sala. Os dois homens seguiram em linha reta por um corredor largo com paredes brancas e quadros expostos a cada dois metros. Nas molduras havia sempre um homem cercado por duas ou trés crianças. Pareciam pais e filhos,  mesmo os homens não possuindo semblante algum de paternidade.  A certa altura o corredor era cortado por outro corredor, agora maior e com portas de vidro. O homem que recebera Petrick parou e lhe indicou a porta. - Veja Petrick, este é o departamento de asiáticos nível C. - Atrás da porta havia uma sala retangular com pequenas repartições que lembravam mictórios, em cada uma delas uma tela de computador com programações distintas, porém ambas com cenas de sexo. Em cada repartição havia um homem nu de olhos puxados e péle amarelada. Todos eles usavam fones de ouvido e um espécie de tubo estava conectado em seus pênis. -  Pareciam excitados. Alguns faziam caretas, outros gritavam. Ou pareciam gritar. - A sala possui isolamento acústico e é mcrofilmada. Somente o lado de cá pode ver o que se passa lá dentro. - Completou o anfitrião. - Vamos seguir em frente Petrick. - E assim eles continuaram corredor após corredor e em todos eles sempre a mesma coisa. Homens de diversas etnias separados por pequenos compartimentos com os pênis conectados e fones de ouvidos. Alguns ainda usavam óculos e mexiam a cabeçam e o corpo desordenadamente como se estivessem de fato transando. 
Ruivos, negros, asiáticos, brasileiros, ingleses, indígenas. Cada etnia, pais ou raça tinha seu próprio corredor. Ao final do grande corredor central as paredes mudavam de cor e passavam de brancas para marrom, e ao invés de de outros corredores agora existiam salas com portas de madeira e sinalizadas com nomes masculinos. Cada porta um nome. - Este é o corredor para homens super dotados Petrick. Não no sentido genital é claro. - o Anfitrião deixou escapar um rápido sorriso. - Neste corredor temos em cada uma dessas salas os homens que reúnem inteligência, beleza  saúde e força física. Aqui estão os diamantes da Adão Corp. - O homem deu uma pequena risada, olhou para Petrick e continuou. - deixe-me apresenta-lo a sua sala, venha. É no final do  corredor.
A ultima porta trazia centralizado em letras de metal o nome de Petrick. - Aqui estamos. Abra. - Petrick colocou sua mão esquerda sobre a porta  e esta se abriu. Os dois homens entram e ela tornou a fechar.
Lá dentro as paredes estavam frias, sem pintura. Havia apenas uma grande tela na parede ao fundo, um Sofá em couro grande e confortável e uma pequena máquina em formato de uma bola de futebol americano. - Bom Petrick, está é sua sala. Ainda não foi decorada, isso fica a sua escolha. Quero lembra- lo  que a sala dispõe de total privacidade, isolamento acústico e trava nas portas. O som e as imagens ficam a sua preferência. A primeira coleta do dia será feita em duas horas. Acho que é isso. Bom, só mais uma coisa. Em nosso banco de dados falta uma pequena informação... você é hétero?

2 comentários:

  1. Primeira vez que visito seu blog e tenho certeza que virei muitas outras vezes por aqui. Precisa-se de muita criatividade pra escrever um conto como esse. Muito bom!

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