sábado, 31 de dezembro de 2016

Obrigado.

Dois mil e dezesseis me sorriu fartamente, foi gentil e me permitiu realizar sonhos e cumprir quase todas as metas que me dei em seu primeiro mês. Muito embora eu tenha de lamentar muitíssimo pois o mesmo não se repetiu com o meu Brasil e o mundo a fora. Pra muita gente este ano que ta acabando não foi nada bom, seja pela política épica que superou qualquer série de TV, seja pela economia cambaleante e os milhares de empregos perdidos. Seja ainda pela miséria humana que em pleno século 21 fez com que milhares de pessoas na África e no Oriente médio tivessem de deixar suas casas e se arriscar pelos mares, desertos e matas em busca de um lugar seguro para viver e ter o que comer. Tudo isso aconteceu como se o mundo em sua grandeza e biodiversidade não fosse o suficiente para todos nós, para todas as nossas diferenças; religiosas, sexuais, políticas, raciais.
Este ano eu olhei pro céu muitas vezes me perguntando o que estava Deus pensando sobre as coisas que nós estávamos  fazendo do mundo que ele nos deu.

Caminhamos, caminhos muito. Chegamos ao espaço, criamos máquinas fantásticas, conectamos continentes, achamos a cura para diversas doenças, mas não aprendemos, ainda não aprendemos que de nada vale tudo isso se o essencial, o minimo ainda negligenciamos: O respeito as diferenças, o amor ao próximo.

Este ano eu consegui minha bolsa na faculdade, visitei minha avó em Alagoas, cortei açúcar e sal como nunca antes, beijei e amei muito, me coloquei no lugar do outro sobretudo agora no fim, ainda que de uma forma não premeditada.

Eu sou grato a este ano, a vida me sorriu e eu sorri de volta. Na lista pendurada na parede do meu quarto, quase todos os itens estão ticados, faltou conhecer a neve, no Chile e concluir a leitura de três livros, coisa boba, 2017 está ai para cumpri-las todas e adicionar mais algumas que já estou matutando.


Eu agradeço imensamente pelo prazer que foi desfrutar do amor de minha família quando os visitei em Alagoas; tios e tias, primos. Fui arrebatado por algo que não esperava, sentimentos bons.
Agradeço pelo orgulho que senti ao receber a noticia de minha bolsa integral na faculdade.
Agradeço os beijos e abraços que recebi, o emprego que consegui manter e a família que tenho.

Para o novo ano eu me proponho a ajudar mais, fazer mais voluntariados, cuidar mais da saúde, da mente e da alma. Me proponho a ser simples e viver o que é essencial.

Em 2017 torço para que as armas caiam, as crianças comam e possam ir à escola e que as pessoas de todas as partes do mundo somente deixem suas casas se assim o quiserem fazer.


Obrigado.






domingo, 7 de agosto de 2016

No café da esquina, sábado anoite!


Ali na esquina da avenida agitada há um café com uma arvore sobrevivente fincada na calçada de concreto. Foi lá que nos encontramos pra falar de nós, dos nossos amigos e dos sonhos da gente.
Temos vinte e poucos anos e somos velhos estudantes de economia, grandes guerreiros de guerras diárias, travadas pelos longos percursos de ônibus lentos, trens lotados e horários apertados.
Falávamos das desigualdades e da nossa sorte revestida de persistência. Nos disseram não, mas teimamos em gritar todos os dias.. Não é o caral#$@ PORRA!

Agradecemos sempre que nos vemos. Somos um tanto carentes de modéstia, mas amamos a forma como vemos o mundo embora eu deva confessar que levamos bons tapas na cara este ano. Vimos nossos pré-conceitos caírem por terra e os estereótipos despencarem do alto de um penhasco. O queixo caiu, logo o nosso, que gritamos liberdade, direitos e respeito. Pois é, erramos e aprendemos com isso. Espero que continue assim.

No ponto alto da prosa conversávamos sobre respeito e do espaço de cada um. Nos últimos dois anos fomos apresentados a gente tão diferente e outas estupidamente tão iguais. Lembramos do quão críticos fomos com algumas delas, estabelecendo ideias curtas e perfis ralos, baseados em mero preconceito.

Lembramos também do quão sortudo fomos pois essas mesmas pessoas permaneceram, ficaram por perto, algumas se tornaram amigos e tenho certeza, foi a vida, o destino, Deus! Rindo de nós, mostrando o tanto que ainda temos de aprender sobre os outros, esse complexo humano, que antes de qualquer definição merece respeito.

Fechando a noite um garoto indagou sobre o quão bom devia ser nossas vidas e me fez pensar por um segundo até que concordei. - É, nossas vidas são incríveis! Nós as fazemos assim todos os dias, entre o metrô e as aulas de micro, o estágio e a volta pra casa a gente se fala, sorri, chora, estuda e dorme até que chega.
Essa guerra santa diária é combustível e vivemos isso bem cientes do quão mágico é este momento, sabemos hoje o quão vamos sentir saudade dele em um futuro não muito distante.

Eu só posso desejar que sejamos desconstruídos e reconstruídos diariamente, que os tipos mais diversos de gente nos encontre e nos ensine sobre este mundão de meu Deus.
Eu posso dizer da sorte e da alegria em compartilhar este café, esta noite e parte desta vida.

Atravessamos uma São Paulo inteira pra nos tornarmos quem queremos ser e atravessaremos o mundo se preciso for.

domingo, 1 de maio de 2016

Não, eu não sinto muito!

Me perdoe mas eu preciso ir. Tenho que partir! Permanecer é estático demais; meu corpo e alma não suportam isso, e eu não lamento, sinceramente eu não sinto muito. Na verdade nem um pouco. Pelo contrário, me alegra essa inquietação pois ela é prova concreta de que estou vivo, pois é dessa agonia, de quando esse vazio, quase desespero em estar parado. É dessa loucura silenciosa que nascem e florescem meus desejos, meu pulsar e querer, porque estando aqui eu não posso ver o que está adiante e isso me carrega, me arranca da cama e me poe frente ás possibilidades... aos cafés, conversas, musicas, beijos, vidas, descobrimentos, conhecimentos, e jeitos totalmente novos de ver o mundo ao meu redor.

Repito: eu sou apaixonado por ver e ouvir os modos do outro, o seu olhar sobre o mundo, os teus achamentos.

Viver é lindo, é delicioso e eu escrevo isso chorando, arrepiado, e isso meu amor, isso é vida, é viver.

Eu estava meditando e me levantei para escrever, pra falar com os amigos, ouvir algo que me fizesse sorrir. E foi na busca narcisista de mim que encontrei o outro. Hoje eu queria ouvir, mas fui eu quem acabei falando e pude assim levar luz e felicidade pra uma amiga necessitada.
Tem quem diga que magia não existe, eu discordo. Para cada força neste universo há uma equivalente contrária.

Só existe luz onde antes havia escuridão, mas a escuridão jamais habita onde há luz.
Já ouvi várias vezes que Deus se manifesta de diferentes formas, e este Deus você pode chamar de Jesus, ou de Alá, de Maomé, Abraão, Buda, Oxalá, Ganesha, ou de átomos, prótons, elétrons, nêutrons e de tantos outros que meu limitado conhecimento não tem saber. Eu o chamo de força criadora do mundo.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Feche os olhos e diga tudo!



No escuro a poesia flui... então eu fecho os olhos
Eu segurava uma faca, precisava SENTIR porque sentindo eu podia SER.
De joelhos, risquei meu braço esquerdo e fiz um corte medroso e tímido. O sangue escorreu singelo e livre.
Eu precisava de mais, o corte no antebraço foi profundo, arrastei a faca quase até o pulso e parei, parcialmente satisfeito. Meu sangue era um criminoso do gueto, corria louco, descarado e livre.

Hoje pela manhã, indo para o trabalho meu inconsciente resmungou da minha falta de expressão. Adquiri nas ultimas semanas uma postura quieta, resguardada. Chego as seis do trabalho, tomo um banho, janto e vou dormir antes das dez. Fora do comum pro cara que dorme depois das duas da manhã mesmo em dias de aula. Inverso demais pra quem estava correndo quarenta minutos anoite pelo bairro. Os livros se encheram de poeira, os filmes aguardam petrificados na estante e eu sucumbi quando mais precisei gritar. Então hoje, quando sai do metrô e a brisa da manhã de quinta feira em frente a estação pinheiros me estapeou, eu sorri. Bobo, sozinho, no meio da rua.
Me lembrei da Sociedade dos Poetas Mortos, exatamente da cena em que o aluno diz ao professor que não fez o dever de casa, que naquela ocasião era escrever uma poesia. O menino justificou não saber escrever poesias, não conseguiu. O professor, mestre Robin Willians o chamou a frente da classe e lhe tapou os olhos. - Imagine que você está sozinho nesta sala, só você e tudo que o está sentindo: seus medos, felicidades, anseios, diga tudo, vamos. Diga! Grite! Ponha pra fora as suas dores, os seus demônios. O garoto fez poesia. De olhos fechados ele enxergava melhor.

Meu inconsciente  resgatou esta cena para me convidar a também fechar os olhos e fazer poesia com as minhas preocupações, porque não sei cantar e não atuo, mas escrever eu aprendi, um pouco.
As preocupações, mesmo que mundanas, sim, mundanas, porque eu tenho onde dormir, o que comer, e não estou no corredor de um hospital. Minha família está bem e o sol tem brilhado todos os dias. As minhas preocupações mundanas, assim como as suas, as vezes nos quer vencer, se apoiam feito um bixo preguiça pesado e corpulento, bonitinho mas com unhas afiadas e grandes. Fica bem acima de nossos ombros dando a nós uma postura curvada, não de humildade, mas de cansaço, fartos e tolos.
Este ano começou estranho, ainda escrevo 2015 nos formulários e não me recordo exatamente em que momento trocamos o 5 pelo 6, acho que fiquei lá, ou fui trazido até aqui adormecido.
Não quero dizer com isso que o tempo é louco, passou rápido e coisa e tal, não. É que meu relógio biológico tá assim, desalinhado. - Espera, preciso amarrar meu cadarço, diz ae pro motorista esperar, não posso perder a aula, é estatística e tenho dificuldades. É tipo isso, tipo assim que estou.
Eu também tenho sentido medo, andado confuso com algumas decisões que tomei, mas poxa, eu tomei decisões e isso é grande coisa. Tenho me dito isso todos os dias. EU ESCOLHI ESTAR ONDE ESTOU! Não me arrependo, mas estou confuso e isso é doido porque essa confusão que me incomoda, angustia e enlouquece também me impulsiona, me faz pensar e repensar uma porrada de coisas fundamentais em minha vida. Sinto cheiro de maturidade, e como sempre ela vem sem pedir licença, sem poupar nada, bruta, mal criada, imponente e necessária.

Eu queria saber cantar tão alto, belo e em notas agudas, estrondosas, como um coral de igreja protestante em um domingo pela manhã com suas canções capazes de converter qualquer pagão, tamanha força e poder que elas irradiam. Por hora, eu apenas escrevo.