terça-feira, 24 de julho de 2012

E quando não houver Amor ?


E quando não houver amor, o que eu faço?
Posso chorar? Posso gritar? 
Posso deitar sem amor, só pelo calor?

Posso rezar silenciosamente e pedir ao deuses dementes que me mandem querubins?
Posso então ir me deitar e sonhar, ou ficar de olhos abertos e me masturbar.
E quando não houver amor, o que eu faço?

Eu posso morrer?
Posso sofrer até que eu consiga crer
Até que eu consiga ver...
Até que eu consiga andar.

E quando não houver amor, posso me entregar ao sexo, ao corpo e ao ópio?
Posso tomar uma garrafa de gim e outra de vodka.
Posso sair correndo pelado mundo a fora até cair bêbado em lugar nenhum 
e me deixar ser usado por qualquer um.
E quando não houver amor, prometo procurar abrigo e me esconder.
 Prometo ler  as cartas que fizeste pra mim, em segurança até o fim.
 Até que volte a ter amor em mim.

E quando não houver amor, será o fim?


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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Vida Longa


                                                                      imagem >

Há pouco mais de quatro anos, exatamente na madrugada do dia 20 de junho de 2008 eu fiquei sem sono. Por volta das  duas da manhã peguei minha coberta rasgada e fui  sentar-me a frente de meu recente adquirido computador, meu primeiro grande investimento capitalista. Na época eu tinha  dezesseis anos de idade e um monte de ideias mirabolantes na cabeça. Hoje eu tenho vinte, quase vinte e um, e continuo com um monte de ideias mirabolantes na cabeça. Lembro-me que naquela noite eu estava cheio delas rondando minha consciência, me perturbando a paz. Foi então que decidi deixa-las sair. Na época a moda era o orkut, mas eu precisava de um espaço maior, mais centralizado e menos caótico. Um blog era o ligar perfeito.
 No começo era tudo muito improvisado, desde o layout até as postagens. Aos poucos fui me adaptando e hoje consigo ver em cada linha que escrevo e em cada postagem nova o quanto cresci, o quanto aprendi. E ao ler outros blogs percebo também o quanto ainda tenho a aprender. É bonito perceber  essas coisas é bacana analisar por este ângulo meu desenvolvimento. Muitas vezes me pego lendo meus antigos posts, é tão nostálgico! Principalmente quando relembro e associo os momentos e as situações que me levaram a escrever determinadas coisas.
Fazem então quatro anos que eu decidi tornar público meus devaneios, meus "achamentos" a respeito do mundo. Confesso que  já pensei em fechar o blog, em começar outro talvez ou simplismente parar de escrever. Mas não. Primeiro porque não tenho coragem e depois o que seria de  mim sem o blog?  Isso aqui já é parte importante de mim, é um projeto particular, um dos poucos que está ao meu alcance  construir e manter.Por isso continuo, por isso vou permanecer!
Agradeço a todos que fizeram  do camaleão uma estação ferroviária e passam  sempre por aqui. Agradeço à Nathana Balbino Batista pela força e pelo pedido de continuar com o blog; Agradeço aos amigos que participaram do convidados; Ao Pedro Bravo, à Suanne Oliveira, à Ariela, à Lari Fonseca, ao Franco Rebel e a todos aqueles que apreciam meu trabalho com o blog. É sublime estar aqui a cada postagem.


O camaleão sentimentalista.

sábado, 14 de julho de 2012

Sensações #05




A temporada de convidados continua, e cá entre nós hoje está Lari Fonseca, blogueira de Várzea  fim de mundo Paulista e também leitora do camaleão. Fique à vontade minha cara. Apreciem!!!


Ela amava pela primeira vez, ela sentia.  Ela percebera como surgia aquilo que via em livros e filmes, cada sensação era metade Amor metade Medo, Medo por não saber do que se tratava.
Antes que Ela pudesse entender ao certo, quando estava prestes a se acostumar foi surpreendida por outro, que só tinha ouvido falar, um  tal que chamam de abandono...
Desde que este chegou Ela  já nem sabia  ao certo o que realmente almejava
Pensava consigo  “O pior já aconteceu e não tenho o que temer, o que mais de ruim pode vir? “
Por hora se via tomada por um leve aperto um palmo acima do umbigo na vertical, três dedos para a esquerda e um prender levemente sufocante em sua garganta. Com os olhos já pesados quase se fechando ficava repetindo as frases que nunca teve coragem de dizer...  Tentando tomar posse de um querer que ainda não era seu, um querer de Revolta..
Em um bocejar os olhos dela se enchem de lagrimas. Esse leve sufocar tira o sono... Esse leve aperto faz lembrar... Esses olhos pesados querem trasbordar o quanto antes...
O que é?  De onde vem? Como faz parar?
Talvez a exaustão do corpo faça  com que ela durma,  cessando momentaneamente  isso que nem se sabe.


                                                                                                                          escrito por Lari Fonseca.


sábado, 7 de julho de 2012

Mulheres (2)

                                                                         A Mulher / Di Cavalcanti


Edileuza casou-se cedo, uma menina em nossos dias, um mulher naqueles tempos.
Vivia no nordeste, em meio ao marasmo e ao cultivo da terra. Teve dois filhos, dois meninos.
Pouco depois mudou-se para São Paulo percorrendo o que a alguns anos atrás era o caminho da prosperidade.O marido trabalhou firme dia após dia, noite após noite, construíram casa, compraram carros e entre um copo de wisk e outro as crianças iam para o colégio, o marido crescia no empego e Edileuza também progredia. O azulejo do banheiro perdia a cor original, estava agora com aspecto esbranquiçado de tanto ela limpar, o almoço servido pontualmente ao meio dia realçava ainda mais a dedicação da dona de casa, da mulher do lar.
O almoço de domingo sempre evidenciava uma ausência comum, o lugar do chefe estava vago. Na mesa de madeira macissa apenas trés cadeiras estavam ocupadas, em algum lugar no outro lado da cidade o marido ocupava também um lugar, talvez no trabalho talvez na mesa do bar. E desse modo passaram-se cinco, dez, quinze, vinte anos e Edileuza permaneceu naquela quase devoção, em uma escolha forçada talvez, mas cheia de dedicação. Criou os dois filhos, zelou pelo marido, aprontou a mesa, limpou a casa e lavou o quintal. Só esquecera de seus sonhos e de suas vontades. Deixou de nutrir os seus desejos que dia após dia ela guardava cada vez mais no fundo das  gavetas dos armários, até desistir de vez e joga-los na lixeira da cozinha junto com cascas de batata e cenoura.
 Edileuza foi forte e foi livre ao escolher por onde caminhar, foi brilhante por ter dedicado sua vida em prol de outras, ela tem e teve seus motivos.
 Lembro-me certa vez quando Edileuza  me contou que sempre quis ir a faculdade. Queria cursar administração de empresas e  o fez sem perceber. Alcançou por mérito próprio o cargo mais alto. Ela  foi administradora de sua casa, foi líder de seus filhos, foi mãe com direito a estágio e efetivação. Vinte e cinco anos dedicados a mesma empresa, entre ganhos  e perdas, valeu á pena? Aos que estão de fora não vão entender, mas a vida de uma mulher, de uma mãe e de uma esposa não são calculadas entre valer ou não  à pena, há muito mais em jogo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mulheres

                                                                       Mulheres Protestando / Di Cavalcanti

Os nomes são fictícios, mas as mulheres são reais.

Ela me liga todos os dias. Anteontem eu estava no banheiro quando o telefone tocou, exitei em atender, quando retornei horas mais tarde ela me disse que precisava desabafar.

Foi em um mês de fevereiro há vinte e um anos atrás, ela tinha dezesseis anos e tivera até então apenas dois namorados. Com o primeiro nunca se deitou, lembra com alegria de um rádio a pilha, de  algumas tardes de sábado e do dia em que ele terminou o namoro, fora de repente, ele simplesmente terminou tudo levando consigo o rádio  e os sábados felizes. Mas ela tinha só quinze anos e essas coisas são bobagens, coisas de menina do interior.
Casou-se em uma noite de sábado em meio a lágrimas e vestida de véu e grinalda. Chorava e foi beijada na testa pelo seu agora marido. Não o amava, dizia que essas coisa viriam com o tempo.
Um ano depois tivera seu primeiro pupilo, mãe aos dezessete.
Inexperiente, indefesa, novata! Comeu biscoitos com café em sua lua de meu.
O marido era lavrador  e tinha um pequeno botequim, homem metido a valente, perdera a mãe muito cedo e aos vinte e seis ele já tinha poses. Casa, terras e um bar. Viviam felizes.
 Certa vez ele disse  que iria embora de casa, isso foi lá pelo quinto ano de casados, ela, desesperada acordou o filho na tentativa de persuadi-lo a ficar. Deu certo, conversaram e tudo se resolveu. Naqueles tempos brigas eram coisa de dois ou trés dias sem diálogos, mas só, logo depois tudo voltava ao normal. Sete anos depois  e ela estava grávida outra vez, mas perdera a criança depois de certas ocasiões onde sua paciência tinha sido posta a prova. Messes depois ela engravidou novamente, e nove meses depois o rebento veio ao mundo. O marido mudou-se para a capital do progresso, a Nova York tupiniquim. Em seguida foi a vez da mulher e os dois filhos embarcarem em um ônibus cruzando o pais rumo a São Paulo, deixando  para traz a casa confortável, sua mãe e seus irmãos, sua  escola, a igreja onde batizou-se, casou-se e batizou o filho, deixou para traz uma vida inteira. Uma vida velha.
 Em São Paulo morou de favor na casa da cunhada. O  marido trabalhava o dia todo, na cozinha agora haviam duas mulheres, em meio a muitas crianças, eram trés cômodos apenas.
Conseguiu um emprego. Um bom emprego em uma multinacional. Foi ai que tudo mudou, ela tornara-se independente, saia todos os dias, tinha amigas e vestia-se melhor. O  marido não gostou, começaram as discussões. Se fazia hora  extra estava no motel com algum amigo de trabalho ou com o chefe, com o padeiro, com o açougueiro, com o Gaspar.
Era chamada de vadia e puta, ameaçada. Quando em certo dia foi humilhada em rua pública na frente de cunhados e cunhadas, o marido gritou para quem quisesse ouvir difamações e estórias mal fundamentadas. As crianças ouviam tudo, percebiam tudo.
 Eles se mudaram, venderam tudo que tinham na antiga cidade, tiveram um  terceiro filho que por vezes  foi renegado, por vezes tido como o filho do marido da amiga, do pastor da igreja, do vizinho, da puta que pariu. Certo dia o marido tentou bater na esposa, mas o primogênito não permitiu. Outra vez ela e as crianças saíram de casa descalços fugindo do pai, do esposo e da faca.
Ela chora as vezes,  questiona-se onde errou. Imagina uma vida diferente. As crianças assistem tudo.
 A mulher tem trinta e sete, ainda pode, ainda deve e esperamos que ela lute, que ela  mude.
Ela é mãe e tem trés filhos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Decepções de Gente Grande.

Eu não ia escrever sobre coisa alguma nem tão cedo, mas fui movido por força maior, maior que a puta decepção que acabei de ter, maior talvez que o esforço que fiz durante todo um semestre estudando a filha da puta da matemática, esforço em vão.
Estou em meio a portas que insistem em não abrir, é como se elas gritassem...- Aqui não é lugar para você, volte, vamos, desista, eu não vou abrir para você! Eu tô querendo entrar em um estacionamento onde a placa de há vagas está desligada. Eu tô parecendo um meninão chorão, eu sei!
Mas, poxa vida, eu estudei muito, pra caralho mesmo.
Eu gritei na hora do banho, arranhei meu corpo, mordi o pulso, contei pra minha mãe e chorei nos braços dela, dói um pouco muito ainda, mas vai passar.
Sou menino homem eu vou levantar a cabeça, doar ainda mais, entregar-me ainda mais. Eu não desisto vida, eu não descanso tempo.
 Dia 1° de agosto  tudo começa outra vez, e eu estarei lá, de cabeça erguida, de corpo e mente presente. Porque aquilo lá são minhas asas, eu quero e preciso voar, e eu sei que vou conseguir. Não são promessas, são sonhos! E  isso é mais forte e mais consistente que qualquer outra coisa.
Ainda bem que eu tenho esse pedacinho de espaço aqui. Ainda bem que eu sou um camaleão, um cameleão que não é mas tão sentimentalista, mas que continua se reinventando e renascendo, porque viver é tão belo e  cair e recomeçar outra vez, sempre faz parte e sempre fará.


Boa noite!