sábado, 11 de dezembro de 2010

1.9

Ei, guri. Você tem um minuto?

Podemos sair pra dar uma volta, tomar alguma coisa?
Que bom!

Fico feliz que em meio aos seus afazeres tão urgentes e importante você tenha me dado tamanha gratificação, prometo não demorar. Onde? Praia, campo, ou na cidade mesmo? Ah, já sei. Um descampado coberto de relva, certo? Vamos. Ah, antes que eu me esqueça, vamos levar laranjas para fazer um suco.

Que tarde heim.
Olha isso aqui. Fecha os olhos guri, agora respire bem devagar... isso, mais lento, sem preça guri, desliza teu pulso sob a grama, relaxa teus ombros...agora sorria.
Guri, eu ti trouxe aqui para conversarmos, preciso lhe dizer algumas coisas.
Ah guri foram doze meses que si passaram, mas parece que foram doze anos, você mudou, na verdade você se mudou. Mudou-se de princípios, de formas e de perspectivas, ou talvez não, sei lá. Talvez você apenas tenha dado férias para os antigos ângulos, ou quem sabe trocou as lentes do seu binóculo. Enfim, eu não sei ao certo o que aconteceu, mas guri, você mudou. Isso é um fato.
Antes eu podia sentir sua presença, porque você tinha uma espécie de mantra, de energia positiva que ti fazia acreditar, seguir, lutar, chorar e até sorrir, hoje parece que você simplesmente não si importa mais.
Ei, guri, olha nos meus olhos, quero ter a certeza que você está ouvindo cada palavra que estou lhe dizendo.
Para com isso cara, liga outra vez essa máquina de carne, ossos e consistências. Puxa vida, volta, esquece um pouco a razão. Cadê aquele guri de corpo e alma, cadê aquele cara que colocava o amor como principio meio e fim?
Cadê você guri, eu preciso que você continue, desculpa o egoísmo, mas não é só por você, é por mim também. Eu sou um pequeno fleche do que você vai si tornar, mas, percebe, estou inacabado, inconcluido. Por enquanto sou apenas uma tentativa, e por favor, preciso de você para me tornar uma realização.
Para de comprar livros guri, você não está lendo mais nenhum deles. Pare por favor de comer manteiga, eu não quero ser diabético aos trinta e cinco. Ah, e, por favor, estabeleça, ou melhor, conclua de uma vez por todas alguns pontos de vista. Tudo bem se for mudá-los depois, mas os tenha, e na ponta da língua.
Permita-se mais muitas coisas permita aos outros ao menos de vez em quando errar, pense menos na vida alheia, ocupe-se de mais, mais e melhores coisas. Por favor.
Respire mais fundo, e olha aqui, ei olha no meu olho, você vai viajar ta me ouvindo? Vai sim.
Lembra do Protigius? E da Ana? Então, eles estão esperando por você, estão morrendo de vontade de caminhar, falar e existir.
Aqueles três lá em casa, guri, são tua família, considere isso algumas vezes mais, e trate-os como tais.
E aquele protetor solar, e o shampoo pra caspa quando que você vai comprá-los? E não esqueça do aparelho dentário heim, esse ano sai, veja lá menino.
Pra finalizar peço que quando sobrar um tempinho tente novamente aquela conexão.
E por ultimo, vá com um pouco mais de calma, sinta o cheiro de vez em quando, ou sempre.
Bom, é isso guri, e o suco, sai ou não sai?

Um comentário:

  1. Poxa que coisa, mais que historia incomum, sabe a principio achei estranho mas no decorrer da narrativa fui compreendendo, intrigate, prende a atenção muito bom.
    Aparentimente parece ser um relato real, não sei se é essa a intenção ou se realmente é mas ficou otimo!

    Parabéns pelo blog.

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