quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Físico ou Abstrato - Parte 3.


Eu tinha duas coisas a fazer...



compensa-los por tudo que fiz, mesmo que eles jamais tenham descoberto nada.

E segundo, punir-me de alguma forma, cobrar de mim mesma.


Nasci em um lugar lindo, chamado Amanhecer, foi lá que me criei, foi lá que conheci meu marido e foi lá que nos casamos, quando ele se formou em petroquímica nos mudamos para uma cidade maior, porem muito quieta. A cidade perfeita para muitos. Não para mim.

Casei-me com o meu grande amor, tive tudo que eu sempre quis.Tudo!

Nos tempos de menina fui vulgar, materialista e determinada. Estabeleci como meta que eu não morreria em minha terra natal como uma coitada, como uma simples mulher.


Confesso que sempre fui narcisista, sempre quis ser desejada, sempre quis o mundo.


A primeira vez que vim a Magestri foi a vinte anos, no meu primeiro aniversário de casamento. Meu marido levou-me para jantar no Poncas, um extinto restaurante que ficava no centro.
Ludibriei-me com todo as as luzes, com as pessoas e suas roupas. O jeito como falavam e andavam, eu desejei aquela vida ano após anos.

Cinco meses depois voltei sozinha a Magestri, jantei no mesmo restaurante. Vi prostitutas, vi senhores. Foi naquela noite que tracei meus próximos cinco anos.

Era aquela vida que eu queria, eu ansiava em provar daquele vinho, queria me esbaldar, molhar-me completamente.

Na mesma noite fui para cama com um jovem de dezoito anos, ombros fartos, cabelos negros.

Voltei a Magestri seis meses depois, levei todo esse tempo para MATAR minha CONSCIÊNCIA, para me LIVRAR da CULPA. Então não parei mais.

Um ano depois eu estava grávida e sabia perfeitamente que o pai não era o homem com o qual eu me casei. Na verdade eu tinha minhas duvidas sobre quem era o pai.

Me ausentei por um ano e meio.Tive gemeas, duas lindas meninas. Quando meu corpo voltou ao normal tratei de contratar uma baba e voltei a minha VIDA. Passei uma semana em Magestri, eu estava faminta, precisava doar-me.

Aos olhos do meu inocente marido aquela semana eu passei em um spa, ele mesmo notou minha alegria quando voltei.



Foi irónico quando ele disse...

"Querida, você deve voltar mais vezes nesse SPA, você está ótima"


Embora eu tenha causado tanta vergonha, embora eu tenha cometido tantas injustiças, hoje percebo que fui um mal necessário. Sou uma ponte, construída para conduzir minha família a um caminho de paz e felicidade.
Ao longo de muitos anos eu fui o guia de minha família, e desse modo tive que abandona-los quando enfim alcançaram a chegada.
by. Arlan Souza.

3 comentários:

  1. Texto show cara gostei de verdade vou ler as outras partes!
    abraco!

    ResponderExcluir
  2. nossa lindo e inteligente adorei o texto realmente vc sabe fazer isso.

    ResponderExcluir
  3. ah.. mas ela faz isso tudo e sai impune?...
    ah ta certo, é a vida ne.
    Gostei do texto, criativo!

    ResponderExcluir


Este é um espaço aberto ao debate saudável e a critica construtiva.
Fique à vontade para expor suas opiniões nos comentários ou nos contatar via email. (arlan_souza1.0@hotmail.com)